Buscou de todas as maneiras passar, mas não passou. Mas uma vez teria que retornar a rotina, acordar cedo por volta das cinco da manhã, o que lhe parecia tortura, tinha des-gosto do cedo. Ia se arrastando para o banheiro em forma molusca e mole. Escovar os dentes tinha se tornado movimento automático do parasimpático. Dormia em pé no ritual matinal. Após o banho enfim acordar e perceber que a fome chegara.
A vida estava cada vez mais presa a esta rotina sabática. Para ao final do ano prestar o exame vestibular, e revolver as opressões. E chegar ao outro lado da malha fina e seletiva dos poucos que adentram a Universidade Pública.
A exclusão assolava a vida, os dias, as semanas, os minutos, ficava mais sufocante. O medo de ficar comentado na família, como aquele que tentou quatro vezes vestibular na Federal e não conseguiu. Criou seus monstros particulares que tomaram corpo e forma nos seus pensamentos, na sua imaginação e nas atitudes mais banais do seu cotidiano. Começar a estudar era o clique de disparo de monstros avassaladores que comprometiam sua auto-estima. Eles e Elas assopravam em seus ouvidos, monstruosidades, tolices e fúrias que o deixaram muitas vezes paralisado.
A vida parada ficou, se perdeu nos medos, obstáculos, paranoias e um muro foi erguido sem janelas e portas. Preciso foi com ajuda DES-paralisar e DES-construir o Muro.
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