"a arte existe porque a vida não basta" (ferreira gullar)
Estava na aula de História de Portugal, um pouco entendiada a olhar para o desânimo dos meus colegas, quando um colega português, chega e me pergunta: Tu conheces o Ferreira Gullar, poeta brasileiro? Eu respondo com um sorriso convencido, claro conheço, adoro o poema Traduzir-se deste poeta, e empolgo em descrever outros poetas/literários brasileiros de renomes, e ele pede-me para ler um poema do Ferreira Gullar escrito em seu caderno, começo a ler e digo lhe que não entendo a letra, ele ainda empolgado em demonstrar interesse por Ferreira Gullar começa a ler o poema chamado " A vida bate", e eu não conhecia este poema, fui sincera a dizê-lo e eis que vem o convite, para ir ao recital de poemas do Ferreira Gullar, e a apresentação de um video em homenagem a ele. Descobri que Ferreira Gullar ficou conhecido aqui em Portugal pois ganhou o prêmio Camões deste ano, então virou febre dos literatos portugueses. Aqui vai o poema tão abordado no recital, com vozes portuguesas e brasileiras:
Estava na aula de História de Portugal, um pouco entendiada a olhar para o desânimo dos meus colegas, quando um colega português, chega e me pergunta: Tu conheces o Ferreira Gullar, poeta brasileiro? Eu respondo com um sorriso convencido, claro conheço, adoro o poema Traduzir-se deste poeta, e empolgo em descrever outros poetas/literários brasileiros de renomes, e ele pede-me para ler um poema do Ferreira Gullar escrito em seu caderno, começo a ler e digo lhe que não entendo a letra, ele ainda empolgado em demonstrar interesse por Ferreira Gullar começa a ler o poema chamado " A vida bate", e eu não conhecia este poema, fui sincera a dizê-lo e eis que vem o convite, para ir ao recital de poemas do Ferreira Gullar, e a apresentação de um video em homenagem a ele. Descobri que Ferreira Gullar ficou conhecido aqui em Portugal pois ganhou o prêmio Camões deste ano, então virou febre dos literatos portugueses. Aqui vai o poema tão abordado no recital, com vozes portuguesas e brasileiras:
A vida bate
Não se trata do poema e sim do homem
e sua vida
- a mentida, a ferida, a consentida
vida já ganha e já perdida e ganha
outra vez.
Não se trata do poema e sim da fome
de vida,
o sôfrego pulsar entre constelações
e embrulhos, entre engulhos.
Alguns viajam, vão
a Nova York, a Santiago
do Chile. Outros ficam
mesmo na Rua da Alfândega, detrás
de balcões e de guichês.
Todos te buscam, facho
de vida, escuro e claro,
que é mais que a água na grama
que o banho no mar, que o beijo
na boca, mais
que a paixão na cama.
Todos te buscam e só alguns te acham. Alguns
te acham e te perdem.
Outros te acham e não te reconhecem
e há os que se perdem por te achar,
ó desatino
ó verdade, ó fome
de vida!
e sua vida
- a mentida, a ferida, a consentida
vida já ganha e já perdida e ganha
outra vez.
Não se trata do poema e sim da fome
de vida,
o sôfrego pulsar entre constelações
e embrulhos, entre engulhos.
Alguns viajam, vão
a Nova York, a Santiago
do Chile. Outros ficam
mesmo na Rua da Alfândega, detrás
de balcões e de guichês.
Todos te buscam, facho
de vida, escuro e claro,
que é mais que a água na grama
que o banho no mar, que o beijo
na boca, mais
que a paixão na cama.
Todos te buscam e só alguns te acham. Alguns
te acham e te perdem.
Outros te acham e não te reconhecem
e há os que se perdem por te achar,
ó desatino
ó verdade, ó fome
de vida!
O amor é difícil
mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.
E estamos na cidade
sob as nuvens e entre as águas azuis.
A cidade. Vista do alto
ela é fabril e imaginária, se entrega inteira
como se estivesse pronta.
Vista do alto,
com seus bairros e ruas e avenidas, a cidade
é o refúgio do homem, pertence a todos e a ninguém.
Mas vista
de perto,
revela o seu túrbido presente, sua
carnadura de pânico: as
pessoas que vão e vêm
que entram e saem, que passam
sem rir, sem falar, entre apitos e gases. Ah, o escuro
sangue urbano
movido a juros.
São pessoas que passam sem falar
e estão cheias de vozes
e ruínas . És Antônio?
És Francisco? És Mariana?
Onde escondeste o verde
clarão dos dias? Onde
escondeste a vida
que em teu olhar se apaga mal se acende?
E passamos
carregados de flores sufocadas.
Mas, dentro, no coração,
eu sei,
a vida bate. Subterraneamente,
a vida bate.
Em Caracas, no Harlem, em Nova Delhi,
sob as penas da lei,
em teu pulso,
a vida bate.
E é essa clandestina esperança
misturada ao sal do mar
que me sustenta
esta tarde
debruçado à janela de meu quarto em Ipanema
na América Latina.
mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.
E estamos na cidade
sob as nuvens e entre as águas azuis.
A cidade. Vista do alto
ela é fabril e imaginária, se entrega inteira
como se estivesse pronta.
Vista do alto,
com seus bairros e ruas e avenidas, a cidade
é o refúgio do homem, pertence a todos e a ninguém.
Mas vista
de perto,
revela o seu túrbido presente, sua
carnadura de pânico: as
pessoas que vão e vêm
que entram e saem, que passam
sem rir, sem falar, entre apitos e gases. Ah, o escuro
sangue urbano
movido a juros.
São pessoas que passam sem falar
e estão cheias de vozes
e ruínas . És Antônio?
És Francisco? És Mariana?
Onde escondeste o verde
clarão dos dias? Onde
escondeste a vida
que em teu olhar se apaga mal se acende?
E passamos
carregados de flores sufocadas.
Mas, dentro, no coração,
eu sei,
a vida bate. Subterraneamente,
a vida bate.
Em Caracas, no Harlem, em Nova Delhi,
sob as penas da lei,
em teu pulso,
a vida bate.
E é essa clandestina esperança
misturada ao sal do mar
que me sustenta
esta tarde
debruçado à janela de meu quarto em Ipanema
na América Latina.
Deixo o site em que pesquisei sobre Ferreira Gullar, site oficial do Poeta, com poemas, cronicas, imagens e muito bom gosto vejam:
http://literal.terra.com.br/ferreira_gullar/porelemesmo/a_vida_bate.shtml?porelemesmo
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