Várzea Grande -MT-Brasil

domingo, 31 de outubro de 2010

Ferreira Gullar um poeta e Retratos

"a arte existe porque a vida não basta" (ferreira gullar)

Estava na aula de História de Portugal, um pouco entendiada a olhar para o desânimo dos meus colegas, quando um colega português, chega e me pergunta: Tu conheces o Ferreira Gullar, poeta brasileiro? Eu respondo com um sorriso convencido, claro conheço, adoro o poema Traduzir-se deste poeta, e empolgo em descrever outros poetas/literários brasileiros de renomes, e ele pede-me para ler um poema do Ferreira Gullar escrito em seu caderno, começo a ler e digo lhe que não entendo a letra, ele ainda empolgado em demonstrar interesse por Ferreira Gullar começa a ler o poema chamado " A vida bate", e eu não conhecia este poema, fui sincera a dizê-lo e eis que vem o convite, para ir ao recital de poemas do Ferreira Gullar, e a apresentação de um video em homenagem a ele. Descobri que Ferreira Gullar ficou conhecido aqui em Portugal pois ganhou o prêmio Camões deste ano, então virou febre dos literatos portugueses. Aqui vai o poema tão abordado no recital, com vozes portuguesas e brasileiras:

A vida bate


Não se trata do poema e sim do homem
e sua vida
- a mentida, a ferida, a consentida
vida já ganha e já perdida e ganha
outra vez.
Não se trata do poema e sim da fome
de vida,
         o sôfrego pulsar entre constelações
e embrulhos, entre engulhos.
     Alguns viajam, vão
a Nova York, a Santiago
do Chile. Outros ficam
mesmo na Rua da Alfândega, detrás
de balcões e de guichês.
                                       Todos te buscam, facho
de vida, escuro e claro,
        que é mais que a água na grama
        que o banho no mar, que o beijo
        na boca, mais
        que a paixão na cama.
Todos te buscam e só alguns te acham. Alguns
         te acham e te perdem.
         Outros te acham e não te reconhecem
e há os que se perdem por te achar,
                                                               ó desatino
ó verdade, ó fome
                             de vida! 
        O amor é difícil
mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.
        E estamos na cidade
sob as nuvens e entre as águas azuis.
        A cidade. Vista do alto
ela é fabril e imaginária, se entrega inteira
       como se estivesse pronta.
       Vista do alto,
com seus bairros e ruas e avenidas, a cidade
é o refúgio do homem, pertence a todos e a ninguém.
       Mas vista
       de perto,
revela o seu túrbido presente, sua
      carnadura de pânico: as
      pessoas que vão e vêm
      que entram e saem, que passam
sem rir, sem falar, entre apitos e gases. Ah, o escuro
      sangue urbano
      movido a juros.
São pessoas que passam sem falar
       e estão cheias de vozes
       e ruínas . És Antônio?
És Francisco? És Mariana?
       Onde escondeste o verde
clarão dos dias? Onde
       escondeste a vida
que em teu olhar se apaga mal se acende?
         E passamos
carregados de flores sufocadas.
         Mas, dentro, no coração,
         eu sei,
                   a vida bate. Subterraneamente,
a vida bate.

        Em Caracas, no Harlem, em Nova Delhi,
        sob as penas da lei,
        em teu pulso,
                              a vida bate.
E é essa clandestina esperança
misturada ao sal do mar
         que me sustenta
         esta tarde
debruçado à janela de meu quarto em Ipanema
         na América Latina.

Deixo o site em que pesquisei sobre Ferreira Gullar, site oficial do Poeta, com poemas, cronicas, imagens e muito bom gosto vejam: 
http://literal.terra.com.br/ferreira_gullar/porelemesmo/a_vida_bate.shtml?porelemesmo

Nenhum comentário:

Postar um comentário